Catherine Earnshaw:
"Não sei expressar-me bem; mas, sem dúvida, você e todo o mundo têm noção de que há ou deverá haver uma existência para além de nós. Qual seria o sentido de eu ter sido criada, se estivesse contida apenas em mim mesma? Os grandes desgostos que tive foram os desgostos de Heathcliff, e eu senti cada um deles desde o início: o que me faz viver é ele. Se tudo o mais acabasse e ele permanecesse, eu continuaria a existir; e, se tudo o mais permanecesse e ele fosse aniquilado, eu não me sentiria mais parte do universo. Meu amor por Linton é como a folhagem de um bosque: o tempo o transformará, tenho a certeza, da mesma forma que o inverno transforma o arvoredo. O meu amor por Heathcliff lembra as rochas eternas: proporciona uma alegria pouco visível, mas é necessário. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, mas sempre, no meu pensamento; não como uma fonte de satisfação, que eu também não sou para mim mesma, mas como eu própria."
Heathcliff:
"— Você mostra, agora, como tem sido cruel!... cruel e falsa. Por que me desprezou? Por que traiu o seu coração, Cathy? Não tenho uma única palavra de consolo. Você merece isto. Você matou-se a si mesma. Sim, pode beijar-me e chorar; pode espremer os meus beijos e as minhas lágrimas, que eles a queimarão. . . a danarão. Você me amava. . . então, que direito tinha você de me abandonar? Que direito, responda-me! Em troca do capricho que sentia por Linton? Porque nem miséria, nem degradação, nem morte, nem nada do que Deus ou Satã poderiam infligir-nos poderia separar-nos. . . só você, pela sua própria vontade. Eu não lhe parti o coração. . . você é que o partiu; e, ao parti-lo, partiu também o meu. Tanto pior para mim que sou forte. Se eu quero continuar vivendo? Que espécie de vida vai ser a minha quando você. . . oh, meus Deus! Você gostaria de continuar a viver, com a sua alma na sepultura?"
"Há cinco minutos atrás, Hareton parecia uma encarnação da minha mocidade, e não um ser humano: os meus sentimentos em relação a ele foram, naquele momento, tão variados, que me seria impossível falar-lhe racionalmente. Em primeiro lugar, a sua impressionante semelhança com Catherine faz com que ele se relacione terrivelmente com ela. Porém essa relação, que você talvez pense ser a força máxima que excita a minha imaginação, é, na verdade, a força mínima, porque. . . o que é que, para mim, não se relaciona com ela? O que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este chão sem que veja as suas feições recortadas nas lajes! Em todas as nuvens, em todas as árvores. . . enchendo o ar, à noite, e refletida em todos os objetos, durante o dia, eu vejo a sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres, os meus próprios traços traem-me com uma semelhança. O mundo inteiro é um terrível álbum de recordações a provar que ela existiu e que eu a perdi! A figura de Hareton surgiu, diante dos meus olhos, como o fantasma do meu amor imortal, das minhas desesperadas tentativas de defender os meus direitos, da minha degradação, do meu orgulho, da minha felicidade e da minha angústia."
"Não sei expressar-me bem; mas, sem dúvida, você e todo o mundo têm noção de que há ou deverá haver uma existência para além de nós. Qual seria o sentido de eu ter sido criada, se estivesse contida apenas em mim mesma? Os grandes desgostos que tive foram os desgostos de Heathcliff, e eu senti cada um deles desde o início: o que me faz viver é ele. Se tudo o mais acabasse e ele permanecesse, eu continuaria a existir; e, se tudo o mais permanecesse e ele fosse aniquilado, eu não me sentiria mais parte do universo. Meu amor por Linton é como a folhagem de um bosque: o tempo o transformará, tenho a certeza, da mesma forma que o inverno transforma o arvoredo. O meu amor por Heathcliff lembra as rochas eternas: proporciona uma alegria pouco visível, mas é necessário. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, mas sempre, no meu pensamento; não como uma fonte de satisfação, que eu também não sou para mim mesma, mas como eu própria."
Heathcliff:
"— Você mostra, agora, como tem sido cruel!... cruel e falsa. Por que me desprezou? Por que traiu o seu coração, Cathy? Não tenho uma única palavra de consolo. Você merece isto. Você matou-se a si mesma. Sim, pode beijar-me e chorar; pode espremer os meus beijos e as minhas lágrimas, que eles a queimarão. . . a danarão. Você me amava. . . então, que direito tinha você de me abandonar? Que direito, responda-me! Em troca do capricho que sentia por Linton? Porque nem miséria, nem degradação, nem morte, nem nada do que Deus ou Satã poderiam infligir-nos poderia separar-nos. . . só você, pela sua própria vontade. Eu não lhe parti o coração. . . você é que o partiu; e, ao parti-lo, partiu também o meu. Tanto pior para mim que sou forte. Se eu quero continuar vivendo? Que espécie de vida vai ser a minha quando você. . . oh, meus Deus! Você gostaria de continuar a viver, com a sua alma na sepultura?"
"Há cinco minutos atrás, Hareton parecia uma encarnação da minha mocidade, e não um ser humano: os meus sentimentos em relação a ele foram, naquele momento, tão variados, que me seria impossível falar-lhe racionalmente. Em primeiro lugar, a sua impressionante semelhança com Catherine faz com que ele se relacione terrivelmente com ela. Porém essa relação, que você talvez pense ser a força máxima que excita a minha imaginação, é, na verdade, a força mínima, porque. . . o que é que, para mim, não se relaciona com ela? O que não me faz recordá-la? Não posso olhar para este chão sem que veja as suas feições recortadas nas lajes! Em todas as nuvens, em todas as árvores. . . enchendo o ar, à noite, e refletida em todos os objetos, durante o dia, eu vejo a sua imagem! Os rostos mais comuns de homens e mulheres, os meus próprios traços traem-me com uma semelhança. O mundo inteiro é um terrível álbum de recordações a provar que ela existiu e que eu a perdi! A figura de Hareton surgiu, diante dos meus olhos, como o fantasma do meu amor imortal, das minhas desesperadas tentativas de defender os meus direitos, da minha degradação, do meu orgulho, da minha felicidade e da minha angústia."
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