domingo, outubro 23, 2011

para refletir...


Lá estava ela outra vez, dedilhando as teclas do piano, e cantando a música que havia feito feito derramando lágrimas de saudades. Nem todos apreciam músicas deprimentes ou no melhor dos casos, não entendem a mensagem que o artista deseja transmitir. O verdadeiro significado fica escondido nas entrelinhas que poucos se interessam em desvendar.
Louise terminou sua rotineira apresentação, sentou-se na bancada do bar e pediu o de sempre.

— Posso te pagar um café?
— Não bebo mais café, assim como diz a música. Whisky é mais aconselhável para quem quer apagar as lembranças. — respondeu com antipatia.
— Então vou apenas acompanhar-te apreciando café, é mais saudável. — Botou nos lábios aquele maldito sorriso encantador que ela tanto amava. — Bela música — Completou, sentando-se ao lado da jovem de cabelos cor de fogo.
— Muito obrigada. A tristeza é bastante inspiradora.
— Se a tristeza inspirou uma arte, não parece-me tão ruim assim.
— Trocaria todas as músicas deprimente que compus chorando, em troca da felicidade. — tomou um gole demorado do drink.
— Descordo de ti. Como dizem, são nos momentos de crises que crescemos, são nos momentos difíceis que aprendemos a lidar e a superar os problemas.
— Não faz diferença. O que está fazendo aqui, afinal?
— Estou aqui para pedir que pare com tanto drama e volte para casa… Que volte para mim. 
Ela sorriu sarcástica, levantou-se e ameaçou ir embora. Ele segurou seu braço levemente. 
— Se manca, a letra da música foi para você. Diz claramente: Eu não vou voltar.
— Não há necessidade de dizer o que diz a música. Decorei cada letra, cada palavra, cada verso. — Ela tentou se desvencilhar de suas mãos máculas. — Vim até aqui, Louise, porque não vou permitir que desista de mim.
— Eu já desisti de você a tempos, Phil, só peço que deixe-me em paz. 
Ele soltou-a brutalmente, e sentiu um nó formando-se em sua garganta diante daqueles olhos azuis que transpassavão uma frieza assustadora.
— Eu a amo…
— Essas três palavras não são o suficiente para curar as feridas causadas por tantas outras palavras que você usou contra mim. Eu sinto muito… Adeus, Phil.  
Phillip tinha o amor de sua vida bem na palma de suas mãos, mas simplesmente deixou que ela escapasse pelo vão de seus dedos.

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